Marlene José

mulher, negra, com óculos, ligeiramente maquilhada, vestida com blazer branco e camisa castanha, apoiada com os cotovelos em cima de uma mesa e mãos cruzadas abaixo do queixo
©Domineves Anthony

Marlene Eunice de Oliveira Pedro, natural de Luanda, nasceu há 41 anos e é formada em Relações Internacionais. A mais velha de 10 irmãos, começou a trabalhar desde cedo ao lado da mãe, que era pasteleira e fornecia bolos ao supermercado Jumbo, e, durante as férias, ajudava o pai no comércio de frutas e legumes. Essas experiências foram o seu primeiro contacto com a indústria alimentar.

Há cerca de 20 anos, quando ainda era estudante na cidade de Braga, em Portugal, já era um rosto conhecido entre a comunidade de estudantes angolanos, assumindo a presidência da associação de estudantes. Ao longo dos anos, Marlene desenvolveu uma visão clara sobre a importância da agricultura em Angola, acreditando que uma aposta forte nesse setor poderia ajudar a reduzir a dependência das importações e alavancar a economia do país. Observando o desperdício de produtos agrícolas, como o tomate, que poderia ser transformado e exportado a preços mais elevados, Marlene começou a interessar-se pelo processamento de alimentos.

Em 2018, fundou a empresa Foodcare, dedicada ao processamento de produtos naturais, sob a marca “Mavu”, que significa “areia” ou “terra” na língua Kimbundu. Inicialmente, a Foodcare produzia apenas quatro produtos: quizaca, muteta, tortulho e moamba de ginguba. Desde então, a empresa expandiu a sua linha de produtos, passando a oferecer cerca de 25 alimentos, alguns dos quais são vendidos em Angola, enquanto outros são exportados.

Em novembro de 2022, Marlene iniciou a exportação de produtos alimentares para o continente europeu, o que lhe abriu portas para o mercado internacional. Esta expansão levou a um marco importante em 2023, quando conseguiu exportar cerca de 25 toneladas de produtos alimentares para os Estados Unidos, através da Lei de Crescimento e Oportunidade para África (AGOA), que permite que países africanos acedam a um regime de comércio preferencial nos EUA. Este feito foi significativo, considerando as dificuldades que muitos empresários africanos enfrentam para aceder a esta oportunidade devido à falta de capacidade empresarial.

Marlene José, que já liderou a Cooperativa de Mulheres Empreendedoras Africanas (AWEC), destacou-se como uma figura chave no empresariado angolano, levando produtos nacionais para mercados competitivos, como os Estados Unidos, o Canadá e a Europa.

Em 2024, foi nomeada uma das 100 mulheres mais influentes de Angola pela revista O Telegrama, “Personalidade do Ano”, na categoria de Economia, pelo Novo Jornal, e recebeu o Galardão de Mérito, na categoria Carreira Internacional, pela iniciativa Mulheres Empreendedoras Europa África.