Januário Joaquim Mujinga (1988, Huambo) é um dos artistas mais peculiares dos últimos anos em Angola e com repercussão em todos os países onde o Português é língua oficial.
Em 1998, depois de a guerra civil o ter obrigado a sair do Huambo para o Luanda-Kubango e posteriormente para Luanda, Príncipe Ouro Negro começou a testar as suas capacidades de cantor, com a reprodução de músicas conhecidas. Acabou por conhecer Jeremias Manuel Afonso Francisco, também conhecido por Presidente Gasolina, e juntos formaram Os Namayer, uma dupla de kuduro explosiva nas escolas e bairros luandenses.
Sem grandes ambições, os dois rapidamente conquistaram o mercado do Rocha Pinto e do Morro Bento e passaram a ser conhecidos como os representantes do kuduro naquela zona de Luanda.
A popularidade surgiu quando, em 2007, durante a realização do Afrobasket, a dupla foi convidada para exibir-se no programa “Janela Aberta” da TPA, com uma composiçãoinédita em homenagem à seleção de angolana.
Mais tarde, em 2012, substituíram Sebem, um dos pioneiros do Kuduro, na liderança da emissão “Sempre a Subir” (TPA). Líderes de audiências, Os Namayer nunca geraram consenso. Ora chocavam pela sua irreverência, forma atípica de falar e apresentação excêntrica, ora eram apreciados exatamente pelas mesmas razões. Contudo, há um facto inegável sobre o conjunto. Ambos têm contribuído para alavancar a popularidade do kuduro que, de há uns anos para cá, parecia estar em declínio em solo angolano, dada a preferência da audiência pelas sonoridades urbanas globais como o rap, entre outras.
O sucesso estrondoso do programa marcou a audiência com novos bordões, apresentação de kuduristas emergentes e momentos divertidos. Os Namayer acabaram por conquistar o público e começaram a somar os convites para shows, entrevistas e participações especiais.
I Love Kuduro, a plataforma internacional que visou a propagação da cultura do Kuduro criada e dirigida por Corean Dú, serviu de catapulta para a internacionalização da carreira da dupla, chegando até ao velho continente com shows em França e Portugal.
“Robocop”, “Da Mana Julia”, “Paralelepipedo”, “Eu Só Quero Amor” são alguns dos hits que bateram na banda e passaram vezes sem conta nos canais de música angolanas.
Se inicialmente a popularidade de Princípe Ouro Negro crescia através da ridicularização, a verdade é que a autenticidade do artista acabou por conquistar o público, tornando-o num fenómeno da Internet e inspiração para outros kuduristas.
Em 2022, vários vídeos do artista começaram a ganhar novo fôlego na Internet, com o aportuguezeire – a sua forma de falar português inventada que acabou por tornar-se na sua marca de registo – a ganhar cada vez mais adeptos brasileiros. Inclusive Matuê, o jovem rapper mais popular da atualidade no país de Vera Cruz.
Pelo caminho, além da extravagância do artista, o maior responsável pela sua popularidade é o bom humor visível em cada vídeo e aparição. Numa altura em que as redes sociais e os medias tornaram-se num catalisador de angústia e medo, Namayer acaba por ser um escape e um causador de gargalhadas espontâneas.