Performer e coreógrafo moçambicano. Iniciou a sua trajetória na dança em 2000, integrando um grupo de dança tradicional moçambicana. Um ano depois, em 2001, fundou a companhia Amor da Noite, marco inicial da sua exploração artística que se expandiu para a dança contemporânea ao conhecer as companhias CulturArte e Danças na Cidade. Nesse mesmo ano, participou em workshops com a coreógrafa brasileira Lia Rodrigues, consolidando os primeiros passos de um percurso que viria a transcender fronteiras culturais.
Em 2002, Ídio expandiu a sua formação trabalhando com coreógrafos como Georges Khumalo (África do Sul), Riina Saastamoin (Finlândia) e Thomas Hauert (Suíça). No ano seguinte, colaborou com Hauert como intérprete na peça Há Mais, realizando uma digressão pela Europa. Durante uma estadia na Bélgica, frequentou aulas na prestigiada École de PARTS, onde teve como mentores nomes como David Zambrano (Venezuela), Mat Voorter (Países Baixos) e Elisabeth Coorbett (EUA).
A partir de 2003, Ídio aprofundou a sua prática ao integrar peças de Panaibra Gabriel e Cristina Moura, continuando a sua colaboração com a companhia CulturArte. Paralelamente, enriqueceu o seu repertório artístico ao estudar teatro com Maria João (Portugal) e Panaibra Gabriel, além de frequentar workshops com coreógrafos internacionais como Sandra Martinez (França) e Betina Hozhausen (Suíça).
Em 2005, uniu-se à companhia Kubilai Khan Investigations, atuando na criação franco-moçambicana Gyrations of Barbarous Tribes, dirigida por Frank Micheletti. Esta colaboração marcou o início de uma relação criativa duradoura que levou Ídio a participar em criações apresentadas em festivais internacionais, como Geografía na Bienal de Dança de Lyon (2008). Continuou a trabalhar com a Kubilai em várias produções, incluindo Espaço Contratempo em Tóquio (2009), Archipelago (2011), Tiger Tiger Burning Bright (2012), Volt(s) Face (2013), Mexican Corner (2013), Your Ghost is Not Enough (2014), Bien Sûr Les Choses Tournent Mal (2015), Black Belt (2016) e Something is Wrong (2019).
Além do trabalho como intérprete, Ídio desenvolveu uma linguagem coreográfica única, questionando as origens culturais do movimento individual e promovendo a dança fora dos espaços tradicionais de apresentação. Esta abordagem visa aproximar a dança das comunidades, explorando as suas relações com a sociedade.
Desde 2018, Ídio colabora com o Théâtre La Cité, participando no projeto Du Bitume à la Scène, onde trabalha ao lado de coreógrafos como Bouziane Bouteldja e Bahri Ben Yahmed. Em 2022, integrou a 2ª edição de Uma Coleção para Amanhã, reafirmando o seu compromisso com a inovação coreográfica e a transmissão de conhecimentos, ao organizar workshops que inspiram novas gerações de artistas.
A trajetória de Ídio Chichava é marcada por uma visão que transcende o palco, promovendo uma dança enraizada na cultura e aberta ao mundo, capaz de estabelecer diálogos profundos entre tradição e contemporaneidade.
Em 2024, Ídio Chichava continuou a expandir a sua influência no mundo da dança contemporânea. Participou em diversos festivais internacionais, apresentando novas criações que exploram as interseções entre tradição e modernidade. Além disso, intensificou a sua colaboração com o Théâtre La Cité, contribuindo para projetos inovadores que aproximam a dança das comunidades locais. Ídio também dedicou-se à formação de jovens talentos, organizando workshops e residências artísticas em Moçambique e na Europa, reforçando o seu compromisso com a transmissão de conhecimento e o desenvolvimento da dança contemporânea no contexto africano.
Foi distinguido ainda com o Salavisa European Dance Award (SEDA), o maior prémio de dança contemporânea. A cerimónia aconteceu no dia 27 de novembro de 2024, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, reunindo artistas e especialistas de todo o mundo. Este reconhecimento internacional celebra a extraordinária trajectória de Idio Chichava no cenário global da dança contemporânea.