Conceição Evaristo

©Aline Machado

Nascida em Belo Horizonte em 1946, é escritora, poetisa e professora, e uma das vozes mais importantes da literatura afro-brasileira. Proveniente de uma família humilde, mudou-se para o Rio de Janeiro na juventude, onde trabalhou como empregada doméstica enquanto concluía o ensino médio. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, posteriormente, obteve o mestrado em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e o doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Conceição começou a publicar sua obra nos anos 1990, tendo ganhado grande destaque com o romance Ponciá Vicêncio (2003) e a coletânea de contos Olhos d’Água (2014), vencedora do Prêmio Jabuti. A sua produção aborda temas como racismo, feminismo, identidade e ancestralidade, consolidando-a como uma referência para a literatura negra no Brasil e no exterior.

Em setembro de 2023, Conceição Evaristo foi agraciada com o Prêmio Juca Pato, sendo eleita a Intelectual do Ano. Essa premiação, concedida pela União Brasileira de Escritores desde 1962, reconhece personalidades que se destacaram por suas contribuições ao desenvolvimento e prestígio do país, na defesa dos valores democráticos e republicanos. Conceição foi a primeira mulher negra a receber essa honraria, destacando-se por sua obra “Canção para ninar menino grande”, que explora as complexidades da masculinidade negra e suas relações com as mulheres negras.

Em fevereiro de 2024, a escritora alcançou outro marco significativo ao ser eleita para a cadeira número 40 da Academia Mineira de Letras (AML), tornando-se a primeira mulher negra a integrar a instituição fundada em 1909. Sua eleição foi vista como um reconhecimento de sua trajetória como professora, romancista e poeta, celebrada tanto no Brasil quanto no exterior.

A cerimônia de posse na AML ocorreu em 8 de março de 2024, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher. Durante seu discurso, Conceição enfatizou a importância de não apenas buscar representatividade, mas também de abrir perspectivas para futuras gerações, destacando a necessidade de uma presença ativa e transformadora nas instituições literárias.

Além dessas conquistas institucionais, Conceição Evaristo continuou a expandir sua produção literária. Em janeiro de 2024, lançou “Macabéa: Flor de Mulungu”, uma releitura do clássico “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. Nesse conto, a autora incorpora elementos da cultura afro-brasileira, trazendo uma nova perspectiva à obra original.